Programação também enfatizou a importância da articulação do setor para a expansão e o fortalecimento do mercado literário
São Paulo, setembro de 2024 - O segundo e último dia da 32ª Convenção Nacional de Livrarias contou com um dos momentos mais aguardados do evento: o bate-papo com Nando Reis. Com mais de 40 anos de carreira, o cantor e compositor emocionou o público ao compartilhar histórias de sua trajetória musical e literária, além de falar sobre seu mais recente projeto, o livro Pré-Sal, lançado pela Editora WMF Martins Fontes. "Eu faço música com letra. O meu trabalho é com a palavra. Nunca fiz música instrumental. Eu escrevo em papel e guardo tudo, os rascunhos me interessam até mais que o projeto final", comentou Nando, destacando a sinergia entre a música e a escrita em sua obra.
Sobre o novo livro, Nando contou que Pré-Sal é uma obra auto-biográfica. “Estou descrevendo imagens da praia do Lázaro onde passei minha infância. Tem sabor de nostalgia ao mesmo tempo que, todos esses signos, que são fragmentos de lembranças, são os definidores do meu repertório”, explica o cantor.
A programação da 32ª Convenção Nacional de Livrarias voltou a reforçar a importância da cooperação entre os diferentes elos do ecossistema do livro, desde os autores até as livrarias. No painel “A relação entre editores e livreiros e o papel das entidades do livro”, representantes de entidades-chave do setor, como a Liga Brasileira de Editoras (LIBRE), a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), além da Associação Nacional de Livrarias (ANL), discutiram estratégias para a expansão e o fortalecimento do mercado literário.
“Independentemente do tamanho da editora, precisamos trabalhar em conjunto para todas as dores do mercado. Precisamos repensar o nosso mercado. O que sobra de retorno financeiro para as editoras e as livrarias é pouco. Estamos todos no mesmo barco em prol de uma forma que daqui para frente melhore para todos”, destacou a Diretora da CBL, Carolina Riedel.
Ainda durante a conversa, o Diretor da LIBRE, Haroldo Ceravolo, reiterou a importância da discussão do preço do livro pensando em sua sustentabilidade. "É necessário surpreender o leitor além do que bombou na rede, do que está nos jornais e, sobretudo, diversificar o catálogo para que haja mais visibilidade das livrarias. Somente assim elas conquistarão novos leitores", ressaltou Ceravolo.
A urgência na aprovação da Lei Cortez, que visa regulamentar o mercado livreiro no Brasil, foi outro tema enfatizado durante o painel. "O preço do livro no Brasil hoje não remunera bem ninguém da indústria: autor, gráfica, editora ou livraria. Há uma concorrência desleal com a Amazon”, reforçou Alexandre Martins Fontes, presidente da ANL, frisando a importância da legislação para garantir a sobrevivência das livrarias independentes e a diversidade editorial no país. "Venda, divulgue, mas venda pelo preço de capa", finalizou o presidente.
A cobertura jornalística do setor literário também teve espaço, com um painel moderado por Fábio Lucas (Livronews e Jornal do Comércio – PE), que contou com a participação dos jornalistas Maria Fernanda Rodrigues (O Estado de S. Paulo), Guilherme Sobota (PublishNews), Paulo Werneck (Revista 451) e Rodrigo Casarin (UOL).
Realizada pela Associação Nacional de Livrarias (ANL), a 32ª edição da Convenção Nacional de Livrarias reuniu aproximadamente 250 profissionais do setor no Distrito Anhembi, em São Paulo. Com o tema “O Valor do Livro”, o evento abordou questões fundamentais para a sobrevivência e fortalecimento do mercado, reunindo livreiros, editores, distribuidores e parceiros de toda a cadeia produtiva.