Livraria de Rua X Livraria de Shopping

Livraria de Rua X Livraria de Shopping e suas características básicas

Para os mais apaixonados, nada como dar uma volta pela livraria de seu bairro ou por aquela charmosa e badalada, mesmo que um pouco distante, onde os vendedores, que já conhecem seus gostos, estão sempre prontos para avisar que chegou o lançamento de seu autor preferido. Às vezes, passar pela livraria só para um alô, tomar um café e ver o que acontece na Programação Cultural. Lá todo mundo se conhece pelo nome, pelo menos em boa parte delas.

Nas últimas duas décadas, os shopping centers ganharam livrarias de grife, com uma vasta opção de títulos, cafés cada vez mais sofisticados e apresentando pelo menos três significativos diferenciais: segurança, estacionamento e diversidade. O leitor aproveita que está no shopping para almoçar, ir ao cinema e/ou ao teatro e conferir as novidades literárias.

Mas qual a melhor opção na hora de se optar por abrir uma nova livraria? Quais as principais vantagens e desvantagens desses dois modelos? É vantajoso para o livreiro manter estes dois tipos de pontos comerciais? E a lucratividade também se diferencia?

Alguns pontos fundamentais para a escolha do ponto em um shopping center são destacados pelo presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL), Marcus Teles: “Avaliar o potencial comercial do shopping é fundamental, assim como sua área locável. Os centros comercias acima de 30 mil m² de ABL (Área Bruta Locável) em cidades acima de 250 mil habitantes apresentam mais chance de serem rentáveis para livrarias entre 100 e 200 m², por exemplo”.

Evidentemente os custos variam muito de um shopping e de uma localidade para outra. O investidor precisa levar em consideração que o custo total das despesas com a locação e extras, no caso das localizadas dentro de centros comerciais, não deve ultrapassar o valor de 12% de suas vendas.

Uma loja de rua tem como característica um público que vai lá como destino: há muita gente que prefere comprar circulando pelas ruas. Já uma loja de shopping tem outros atrativos: as pessoas podem ir ao shopping para compras, pela gastronomia e pelo entretenimento.

As lojas que estão instaladas num shopping center já consolidado, acima de 6 anos, podem proporcionar um retorno mais seguro do investimento. Mas, sem dúvida, este modelo apresenta custos operacionais maiores.

Independentemente da opção, o que não pode ser desconsiderado de forma nenhuma é a escolha do ponto comercial, tanto no shopping como na rua. Apesar das diferenças entre os pontos de rua ou no shopping, é fundamental ficar atento às vontades do consumidor e oferecer um atendimento cada vez mais qualificado e diversificado.

Com relação ao retorno do investimento, apesar de os shoppings apresentarem taxas de divulgação e condomínio relativamente altas, se as vendas corresponderem, esses custos mais elevados podem compensar.

Como administrar os custos

Administrar corretamente os custos básicos mensais aceitáveis por m², que no caso do shopping vão muito além do aluguel, é fundamental para a saúde financeira do negócio.

Usamos a seguir uma referência inicial dos custos por m² em um shopping de médio porte, mas que pode variar muito de um shopping para outro. Reforçando aqui que os custos não devem ultrapassar o valor de 12% do faturamento mensal.

R$ 60,00 de aluguel por m²
R$ 80,00 de condomínio
R$ 9,00 de fundo de promoção
R$ 8,00 de IPTU
R$ 10,00 de energia
R$ 12,00 de água gelada para o ar-condicionado

R$ 179,00 de boleto total por m²

Isso significa que uma loja de 150m², que tenha um custo R$ 179,00 por m², sem as despesas com os funcionários, por exemplo, teria um custo de R$ 26.850,00. O lojista deve estudar, pesquisar outras livrarias de centros comerciais compatíveis ao que ele procura e avaliar a venda esperada.

Outro detalhe: uma loja de shopping, por abrir aos domingos e que tenha uma venda média mensal de R$ 220.000,00, necessitará de 9 funcionários em média.

Segundo Paulo Escariz, diretor da Rede Escariz de livrarias no Nordeste do país, as despesas desses custos, incluindo contração de pessoal com seus encargos, devem ficar entre 25% e 30% do arrecadado com as vendas. Jamais esse percentual poderá ser ultrapassado. O livreiro ainda terá mais despesas que devem ser consideradas como: impostos, contratação de terceiros, como contador, por exemplo e outros.

Marcus Teles, ainda, reforça que caso a livraria tenha um desconto médio de 41% nos livros, o custo total da livraria não poderá ultrapassar 37%, para sobrar algum lucro.

O EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization), Lucro Bruto, deverá ser entre 8% e 10%,0 e o Líquido entre 4% e 5%.

Outros números e particularidades de uma loja em shopping:

- Um espaço mais popular, que atenda os públicos B, C e D costuma atingir uma média mensal de venda entre R$ 500,00 e R$ 1.000,00 reais por m². Já shoppings maiores e mais sofisticados, que atendam principalmente os públicos A e B, podem atingir a venda entre R$ 900,00 e R$ 1.500,00 reais por m².

- A montagem de uma loja em shopping exige projetos arquitetônicos, ar-condicionado, combate a incêndio, dispositivos elétricos, além de um projeto estrutural, caso seja construído mezanino. O custo dessa montagem com até 200 m² deve ficar entre R$ 3,5 e 4,5 mil reais o m², fora o custo do mezanino.

- Os contratos são normalmente de 5 anos. Atualmente, poucos cobram luvas para o ramo de livraria.

- No mês de dezembro são cobrados o aluguel e o fundo de promoção em dobro.

- Tem, também, o percentual sobre as vendas, que equivale entre 3% e 5% das vendas, para as livrarias. O lojista paga o maior dos dois aluguéis, o mínimo fixado ou o percentual das vendas.

- Deve-se levar em consideração na escolha das lojas, as que já tenham montagens básicas, como piso, ar-condicionado, vitrine e mesmo um mezanino, reduzindo o investimento.

Sobre estoques, o básico inicial

A livraria tem que administrar de forma prática seus estoques internos, com uma boa curadoria. precisa ter o básico necessário em sua livraria física para poder atender o cliente na sua área de atuação, que vai ser compatível com o espaço físico e deixar algum espaço para aquele livro que acaba de ser lançado ou foi esquecido no acervo inicial, por exemplo.

O livreiro conseguirá a maior parte dos livros em consignação e outros títulos terão que ser comprados. em estoque, deve manter uma quantidade que atenda até 90 dias de venda.

Para o livro comprado, manter um estoque equivalente a 45 dias de sua venda.

Os distribuidores, esses importantes parceiros da livraria, atenderão a livraria nas editoras não negociadas diretamente e algumas distribuidoras estão disponibilizando sua plataforma de e-commerce. Nesta plataforma, o livreiro poderá vender o estoque disponível destas distribuidoras e receber uma comissão sobre a venda, mesmo sem manter um e-commerce próprio da livraria.

Os livreiros podem visualizar os estoques do distribuidor parceiro, efetivar a venda e o distribuidor fará a entrega ao cliente e pagará uma comissão para a livraria parceira.

Raphael Bispo, gerente comercial da Distribuidora Loyola, complementa: Importante definir o tipo de livraria que se deseja abrir, uma livraria geral que aborda todos os assuntos ou uma livraria especializada em um nicho como, por exemplo: infantil, religiosa, técnica, literatura, mais vendidos e outros assunto e, ainda, reforça: “O bom relacionamento com todos os parceiros, como editoras e distribuidores, sempre será fundamental e facilitará muito no início, quando dificuldades de crédito podem ser mais persistentes. Com isso é interessante que consiga dividir os pedidos, após entender a especialidade de cada fornecedor.”

Melhor (+) X Pior (-)

Shopping (+)
- Estacionamento
- Segurança
- Divulgação
- Atrai mais público
- Diversidade do mix de lojas e entretenimento, como cinema
- Horário de funcionamento estendido
- Lojas mais espaçosas

Rua (+)
- Mais independência
- Menores custos relativos de condomínio
- Ausência de taxas de divulgação
- Charme (em certos casos)
- Maior proximidade com o vendedor

Shopping (-)
- Talvez um atendimento menos próximo
- Custos mais altos
- Menor independência para criar ações que não se enquadrem nas normas gerais definidas pelo shopping
- Muitas taxas extras, como condomínio, fundo de promoção e propaganda e ar-condicionado
- Cobrança de um 13º no aluguel e fundo de promoção, em dezembro
- Aluguel percentual
- Custo de montagem mais alto

Rua (-)
- Menor segurança
- Falta de estacionamento, devido às exigências do centro comercial
- Local muitas vezes não possui hábito de consumo adequado (mas isso também serve para o centro comercial)
- Espaços menores.

Shopping (+)
- Estacionamento
- Segurança
- Divulgação
- Atrai mais público
- Diversidade do mix de lojas e entretenimento, como cinema
- Horário de funcionamento estendido
- Lojas mais espaçosas

Rua (+)
- Mais independência
- Menores custos relativos de condomínio
- Ausência de taxas de divulgação
- Charme (em certos casos)
- Maior proximidade com o vendedor

Shopping (-)
- Talvez um atendimento menos próximo
- Custos mais altos
- Menor independência para criar ações que não se enquadrem nas normas gerais definidas pelo shopping
- Muitas taxas extras, como condomínio, fundo de promoção e propaganda e ar-condicionado
- Cobrança de um 13º no aluguel e fundo de promoção, em dezembro
- Aluguel percentual
- Custo de montagem mais alto

Rua (-)
- Menor segurança
- Falta de estacionamento, devido às exigências do centro comercial
- Local muitas vezes não possui hábito de consumo adequado (mas isso também serve para o centro comercial)
- Espaços menores.

Marilu Garcia do Amaral
Editora de Mídias Sociais ANL- Associação Nacional de Livrarias
WhatsApp: 11 9 9127 5268