As transformações do Varejo do Livro

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As transformações do Varejo do Livro

A GfK Retail and Technology Brasil, uma das empresas líderes em Inteligência de Mercado no mundo, trouxe para a 29ª Convenção Nacional de Livrarias, que aconteceu nos dias 28 e 29 de agosto de 2019, na cidade do Rio de Janeiro, um panorama sobre o varejo do livro no Brasil, nos últimos 5 anos. O painel, apresentado por Henrique Nogueira, Executivo de Atendimento da GfK contou com a presença do CEO da Rede Livrarias Leitura, Marcus Teles.

O Painel começou com um resumo sobre o cenário macroeconômico, entre os de 2014 e 2018. Destacando o início da crise, no final de 2014, demostrando uma melhora, embora lenta, em 2017. “Mesmo apresentando uma recuperação desde 2017, estamos longe de atingirmos o mesmo patamar anterior a crise de 2014. Mas continuamos em um discreto crescimento, nesse 2º trimestre de 2019, temos evolução positiva, sem resseção”. Expôs Henrique Nogueira.

O Índice de Confiança do Consumidor, que teve sua pior fase em 2016 (64,4), ainda não consegui atingir o nível de satisfação de 2014. Na tabela ao lado é importante esclarecer que 100 indica confiança neutra, acima de 100 confiança positiva e abaixo de 100 negativa.

Vendas do varejo ao consumidor final entre 2014 e 2018

O período de menor faturamento do mercado foi em 2016, mas já em 2017 começa a demonstrar uma estabilidade com o crescimento no preço do livro.

No período de 2018 o mercado apresentou-se estável, mas com uma leve queda no faturamento e no preço do livro, comparativamente a 2017.

“Se compararmos a estabilidade apresentada no levantamento da Gfk, em 2018 à queda de 7% nos indicadores da FIPE, no mesmo período, pode parecer estranho, mas isso deve-se a diminuição do estoque, tanto nas editoras como nas próprias livrarias e uma queda na colocação de novos livros, aqui falamos de quantidade, mas na ponta da cadeia, na venda final foi estável. Pela primeira vez vendeu-se mais do que se produziu.” Complementou Marcus Teles.

A sazonalidade nas vendas destaca o mês de maio, tanto em 2014 como em 2015, isso aconteceu devido a lançamentos de livros e filmes, de um mesmo título, por exemplo. Mas, nesse período de 2015, os livros para colorir foram o grande destaque, representaram 15% das vendas. A biografia de um grande líder religioso teve grande relevância no final de 2014 e de 2015.

Já em 2016 e 2017, novembro ganha importância, quando comparado ao mesmo período 2014/2015, pulando de um patamar de importância de 7,58 % para 10%. O que já não aconteceu em 2018. “Em outras categorias a Black Friday, continua com grande relevância nas vendas, mas no segmento do livro, no final de 2018, com a chegada de uma das piores crises do setor com o fechamento de lojas, houve uma queda e voltamos aos patamares que tínhamos antes. Isso impacta nos trimestres e, o último trimestre que vinha ganhando espaço perdeu para o primeiro semestre de 2018, que se sobressai.”, revelou o executivo da GfK.

Sobre a importância dos gêneros em unidades vendidas, no período de 2014 e 2018, o segmento Infantojuvenil foi o menos impactado, sem o surgimento de séries de grande apelo. Já os de Não Ficção e Didáticos mostraram estabilidade, com autoajuda ganhando importância, principalmente os de autoajuda para a área de econômica.

Em evolução de preço, o único gênero com crescimento foi o didático, com um aumento de 5%. Lembrando que nesse mesmo período, entre 2014 e 2018, a inflação acumulada atingiu cerca de 30%.

“Como vemos na pesquisa da Gfk, as grandes promoções realizadas nos segmentos didático e universitário, por parte das grandes redes, impactaram positivamente as vendas no início de 2018.”, acrescentou Teles.

O varejo no primeiro semestre de 2019

“O primeiro semestre de 2019 apresentou uma queda, média em unidade, de 15% comparativamente ao mesmo período de 2018, mas a maior queda ficou nos primeiros meses do ano, com março superando os 20%. Essa tendência diminui em abril e já em maio e junho há empate com o ano passado. Em faturamento o período apresenta uma retração menor.” Destaca Henrique.

Outro destaque do primeiro trimestre de 2019 é a queda no Canal offline, um pouco maior do o online que, embora, também apresente queda, já reflete mais de 40% em volume do painel. “O que constatamos é que a venda do produto livro cresceu mais no canal online, que demais produtos que são auditados pela GfK como, por exemplo, smartfones, geladeiras, televisores. As vendas, na plataforma online, desses produtos representam hoje cerca de 20% do mercado.” Complementa.

“O painel da Gfk demostra um comparativo importante no que se refere as vendas no início de 2019 e 2018. Percebe-se aqui que a venda dos didáticos foi pulverizada. Duas das grandes redes de livrarias, que em 2018 realizaram as grandes promoções em 2018 como vimos anteriormente no Painel, entraram em crise econômica significativa e tiveram várias lojas físicas fechadas, em 2019. As vendas dos didáticos, ganharam outros canais, que não compõem a medição da Gfk, como parte de livrarias de menor porte, venda direta às escolas, papelarias, sem contar como aumento de sistemas de ensino, a queda deve ficar abaixo de 5%. Em outros gêneros, temos também a vendas pelos clubes de livros, livrarias religiosas e o porta a porta, por exemplo. Na venda online a GfK mede mais de 80% do mercado que é concentrado. Nas vendas das livrarias é medido pouco mais da metade do mercado. As vendas online devem estar em cerda de 30% do total. Mas não podemos deixar de constatar a tendência que o Painel nos apresenta do crescimento da venda online”, destaca Marcus Teles.

Fechando sua apresentação Henrique Nogueira destacou que a recuperação econômica no Brasil é lenta e gradual, mas segura; que a Black Friday não se destaca, no varejo do livro, em comparação a outras categorias; que 2018 se mostrou um ano atípico e reverte tendências que o varejo vinha apresentando nos anos anteriores; e que o canal online ganha importância e apresenta crescimento em gêneros específicos. O executivo, também chamou atenção para o avanço das jornadas de compra Figital “Hoje esse consumidor cada vez mais transita entre os dois canais, online e offline, a experiência com os dois canais o ajuda a decidir em que canal irá efetivar, de fato, sua compra. Quanto mais integrados esses dois canais estiverem, melhor será o resultado final. Essa união será cada vez mais importante.” Finaliza.

Acesse a apresentação completa aqui: Panorama do Varejo do Livro.

(Texto: Marilu G. do Amaral – Fotos Convenção ANL: Immonem Barros)

A GFK, em parceria com a Associação Nacional de Livrarias-ANL, disponibiliza mensalmente, o retrato sobre o comportamento do varejo no mercado do livro no Brasil.