Marcado pela queda das grandes redes, a ascensão das livrarias independentes e a briga contra o varejo online, o setor vive um momento de profundas mudanças
Qual a última vez que você foi a uma livraria? O mais provável é que, mesmo que já tivesse esse hábito, tenha reduzido suas visitas às prateleiras de alguma loja física. Seja por conta da derrocada financeira nos últimos anos de grandes redes como a Saraiva e a Cultura, duas das maiores e mais importantes representantes do setor, seja pelo aumento considerável no número de vendas online ou pela crise que se abateu sobre o mercado editorial ao longo da última década, a compra de livros em lojas físicas vem decaindo gradualmente no Brasil.
Mas também há algumas, mesmo que poucas, notícias positivas. As últimas pesquisas demonstram que o mercado livreiro está encontrando saídas para a situação. Outras empresas — a exemplo da Leitura, que vem abrindo novas unidades — estão absorvendo parte dos leitores órfãos das redes que quebraram. E, como aponta a mais recente pesquisa Panorama do Consumo de Livros, divulgada em janeiro, as compras em livrarias de bairro também têm crescido de forma significativa — houve um salto de 4,5% em relação ao consumo total de 2023 a 2024.
Oferecendo experiências personalizadas e um atendimento mais acolhedor, as livrarias independentes têm se proliferado e chamado a atenção em grandes cidades como São Paulo e Belo Horizonte. Só em 2022, cerca de 100 novas livrarias abriram no Brasil, segundo dados da Associação Nacional de Livrarias (ANL). Tanto que, em meio à crise econômica enfrentada pelo país no período, houve uma redução de apenas 1,8% no total de lojas físicas entre 2013 e 2023.
"O movimento livreiro tem sido tradicional ao resgatar as relações humanas como princípio fundamental das livrarias"
“Percebemos que esses jovens livreiros independentes desenvolvem um trabalho coletivo para integrar a livraria à vida do bairro”, destaca Marisa Midori Deaecto, professora da USP e pesquisadora da história do livro e da leitura. Ela considera a tendência atual até um tanto contraditória. “Enquanto os debates do século 21 estão voltados para as tecnologias, para o fim das relações interpessoais e a ideia de uma solidão cibernética, o movimento livreiro tem sido, paradoxalmente, tradicional ao resgatar as relações humanas como princípio fundamental das livrarias.”
O presidente da ANL, Alexandre Martins Fontes, também à frente da livraria e editora que levam seu sobrenome, ainda considera o cenário do mercado livreiro alarmante. “Hoje, as livrarias enfrentam dificuldades muito grandes, com problemas para arcar com os seus próprios custos”, afirma a Gama. “Em dez anos, se levarmos em consideração somente as três grandes redes (Saraiva, Cultura e FNAC), o Brasil perdeu mais de 130 mil metros quadrados de livrarias. E o triste destino dessas empresas não é mera coincidência.”
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