O Mercado no Sul do País

O Mercado no Sul do País

Debates sobre como as diversas regiões do Brasil estão escrevendo suas novas histórias no mercado do livro.

A série de lives da Associação Nacional das Livrarias (ANL) trouxe, em dezembro de 2020, o debate sobre o mercado no sul do país, com Silvana Rovani, proprietária das Livrarias DELTA, localizada na cidade de Passo Fundo/RGS, há mais de 30 anos no mercado, coordenadora da Feira do livro de Passo Fundo, faz parte também da Setorial da Literatura do município; e Gilmar Cosmo Jr., diretor da A Página Distribuidora e Livraria, com centros de distribuição em Curitiba e Porto Alegre e fecharam o ano de 2020 com 10 livrarias.

Os profissionais abordaram temas como: panorama geral da região Sul, a visão do livreiro e do distribuidor; como atuam nos canais alternativos; o que a livraria mais necessita neste momento e para o próximo ano; além de nos trazerem experiências próprias, nesse momento de tantas transformações. Também ressaltaram o papel e a importância das ações da ANL, no contexto atual.

Para ambos profissionais as dificuldades foram bastante semelhantes, mas apresentando um crescimento de vendas no último trimestre. Lembrando que as livrarias físicas dos grandes centros, principalmente nas capitais tiveram uma maior dificuldade, devido o distanciamento do público nessas regiões e a propagação do trabalho em home office.

Eles reforçaram que o momento da pandemia deixou claro que o e-commerce veio para ficar, que a quarentena só antecipou o formato híbrido da loja física com a online. “Esse novo formato é um desafio para todo o mercado, não apenas o do livro. A pandemia adiantou o que já iria acontecer no Brasil e no mundo e que já observamos, nos últimos dez anos, no varejo dos grandes marketplaces. Nós, como livreiros de lojas físicas e como distribuidores, temos que lincarmos todo nosso sistema de vendas de forma concisa, com fluidez, para não perdermos espaço para os ‘.com’. Temos que ser competitivos. Esse é o grande desafio.” destacou Gilmar Cosmo Jr.

A Página trouxe sua experiência em suas duas frentes de trabalho. “Como distribuidor já ofereço essa a plataforma de e-commerce para os livreiros. O livreiro pode se utilizar do estoque do seu distribuidor, principalmente para suas vendas online, o que facilita para o espaço físico da livraria e otimiza o estoque. Ele enxerga meu estoque e nós o deles. A distribuidora pode realizar a logística da entrega. Para a livraria em curto prazo e frete pequenos e para o próprio cliente dele.” complementa.

Para Silvana Rovani, o digital, pode sim agregar. O comercio hibrido do físico e o digital veio para ficar e, quem ficar fora dele, ficará fora do mercado. Mas, não acha benéfico deixar tudo no digital e depender quase que totalmente do acervo da editora e do distribuidor. “Precisamos ter o mínimo possível do acervo, em nossa livraria física, para podermos atender o cliente que vai até o nosso espaço e quer já sair com aquele livro que acaba de ser lançado, por exemplo. Se não ele vai para a internet, então o grande diferencial que a livraria física tem de ter é o livro na hora que o cliente quer.

“Nós, pequenos livreiros, não somos tão bem acolhidos pelas editoras, no mesmo patamar de suas transações comercias com os grandes marketplaces e isso ficou ainda mais claro com a pandemia. A livraria tem que sofrer para poder ter os mesmos livros, nas mesmas condições comerciais que são oferecidas as grandes plataformas digitais, em seus estoques internos. Precisamos de parcerias mais forte entre editoras, distribuidor e livraria. Precisamos achar um meio termo para que conseguirmos ter os principais títulos, lançamentos em nossa livraria.” descreveu ela.

Gilmar, completou, com a importância da livraria ter um acervo qualificado. “Muitas vezes falta um melhor conhecimento por parte do distribuidor, da editora, de conhecer melhor o mix específico para uma determinada livraria. “Precisamos ser mais assertivos no relacionamento entre os pares assim como acontece, por exemplo, no setor farmacêutico, que foi apresentado na última convenção da ANL.” esclarece.

“Falta sim essa sinergia e um conhecimento maior por parte do profissional da editora que faz essa ponte, ele precisa ter sensibilidade para conhecer melhor o seu cliente, a necessidade da livraria. O importante nesse momento é que cada agente do canal do livro atue especificamente em sua área. Nos últimos tempos, as editoras não estão apenas mais agressivas em suas próprias vendas ou através das grandes plataformas, mas também nas escolas. Questões que se repetem ano a ano, independente desse momento tão delicado, pelo qual o Brasil e o mundo enfrentam.” exemplificou Silvana.

“O mercado precisa ver a livraria física, com muito mais carinho, nós mantemos empregos, geramos negócios. O leitor vem até nós na busca daquele cheirinho do livro no ambiente, aquele ambiente que só na livraria física tem, nenhum espaço online terá.” finaliza.

Muito mais foi falado e debatido. Exemplos de como as parcerias podem dar certo, ações desenvolvidas para o enfrentamento da crise, entre outros. Destaque, ainda para a experiência da Silvana como coordenadora da Feira do livro de Passo Fundo de 2020, a primeira feira híbrida do país.

Para saber mais sobre a live está disponível no Instagram @livrariaanl e no site anl.org.br.
Assista também no nosso Canal no Youtube: https://youtu.be/BhQZw8gcu-Y

Aguarde o novo cronograma 2021 a partir de março de 2021.